O segundo semestre de 2023 começou com uma onda de recordes na geração de energia eólica no Brasil. Nos primeiros quatro dias de julho, a produção de energia por essa fonte renovável registrou o montante mais elevado na geração instantânea e média no Sistema Interligado Nacional (SIN). Com a produção de 19.720 Megawatts (MW) em um único minuto, a energia eólica representou mais de um quarto da carga do SIN.
A geração média de energia eólica no SIN também alcançou um percentual inédito no ano, com geração de 17.110 MW, representando 24,3% da demanda do SIN. O subsistema de mais destaque foi o do Nordeste, que atingiu recordes consecutivos na geração eólica instantânea. Em menos de 24 horas, a geração eólica no Nordeste chegou ao patamar de 18.401 MW, o que representou 149,1% da demanda do subsistema. Ou seja, nessas horas, todo o submercado poderia ser atendido com a carga gerada pela fonte eólica com sobra.
No dia 4 de julho, a fonte eólica e a solar, juntas, foram as responsáveis por 45% da geração de energia elétrica em todo o País. A geração solar chegou a 18.528 Megawatts (MW) e a eólica a 14.818 MW, segundo dados do ONS. A demanda foi de 73.096 MW no SIN.
Desde o começo do ano, a participação das renováveis na geração de energia elétrica no Brasil tem ganhado cada vez mais evidência. Segundo dados de junho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil concluiu o primeiro semestre de 2023 com um acréscimo de 5,1 gigawatts (GW) na capacidade instalada de geração de energia elétrica. Desses, 2,3 GW (44,53% do total) são de fonte eólica e 2,2 GW (42,76%) de solar.
O Brasil registrou, até fevereiro deste ano, 890 parques eólicos instalados em 12 Estados brasileiros. Eles somam 25,04 GW (gigawatts) de capacidade instalada em operação comercial, que beneficiam 108,7 milhões de habitantes. Desse total, 85% estão na região Nordeste. Até 2028, de acordo com a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), o Brasil terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atinge, atualmente, 13,2% do total. A eólica já responde hoje por 20% da geração de energia que o país necessita.
De 2011 a 2020, foram feitos investimentos no setor eólico de US$ 35,8 bilhões. Esses recursos movimentaram na economia brasileira em R$ 321 bilhões, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. Segundo a Abeeólica, para cada megawatt instalado, são criados 10,7 empregos. No período de 2011 a 2020, foram gerados quase 190 mil empregos no setor.
Dos 890 parques instalados no país, 130 projetos tiveram financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desde 2005, totalizando 18.654 MW. Os financiamentos concedidos pelo banco alcançaram R$ 52,170 bilhões, informou a instituição. Foram investidos pelas empresas no período R$ 94,4 bilhões.
Em relação à instalação de parques eólicos offshore (no mar), está sendo preparada a estrutura regulatória no Brasil que permita a realização de estudos e projetos. A previsão é que o complexo entre em operação comercial plena em agosto de 2024. Com esses recordes e a perspectiva de crescimento contínuo, a energia eólica se consolida como uma fonte de energia limpa e renovável essencial para o futuro energético do Brasil.